A Cinderela descalça

Depois de meses de espera fui à minha quinta ISTA a dermatologista, que vai ser tema de um outro post.

Como já estava na área hospitalar resolvi passar no Hospital da Previdência para visitar a avó do meu marido que está internada lá em estado terminal. Aproveitei para dar um abraço na Fátima, uma outra doentinha que conheci nas minhas idas lá.

Adoro ir a hospitais e ficar conversando com os acamados e acompanhantes.

Hospitais, às vezes,  parecem shopping no que diz respeito às horas, lá dentro não dá para saber que horas são nem o tempo lá fora.

Alguém entrou na enfermaria e disse que iria cair um toró.

Despedi-me rapidamente e peguei um taxi na hora que o toró começou a cair.

Começou o caos.  Avenida do Contorno com Rua da Bahia já tinha semáforo estragado, motoristas impacientes, buzinaço.

Liguei para casa: sem energia elétrica, sem pão, sem leite, sem telefone para fazer pedido...

Ao avisar ao taxista que iríamos parar na padaria perto de casa olhei para os meus pés e para a enxurrada: calçava um sapato que ganhei de aniversário, nude, lindo e confortável e a água descia  Santo Antônio abaixo.

Não tive dúvida, tirei os sapatos, pulei a pequena correnteza que descia pelo meio fio e entrei na padaria que estava às escuras também, comprei o pão, leite, suco, queijo e pedi um saco plástico extra (não sou politicamente correta, uso saquinhos plásticos) para colocar meu sapatinho.

Ao chegar em casa, com o sapato devidamente protegido, desci  descalça do taxi, atravessei a rua e me permitir tomar um delicioso banho de chuva.

Só não dancei pois o Marco, o porteiro estava com a porta aberta me esperando.

A Cinderela? Sou eu, é claro!!!